segunda-feira, 15 de outubro de 2007

ALGUMAS DEFINIÇÕES DE INTELIGÊNCIA:

Binet & Simon (1916)
“... julgamento, também chamado bom senso, sentido prático, iniciativa, capacidade de se adaptar às circunstâncias. Ajuizar bem, compreender bem, raciocinar bem, estas são as actividades essenciais da inteligência.”

Spearman (1923)
“... tudo o que é intelectual pode ser reduzido a algum caso especial... de educação, quer de relações quer de correlatos”.
Educação de relações – “A apresentação mental de duas ou mais referências quaisquer... tende a evocar imediatamente o conhecimento de uma relação entre elas”.
Educação de correlatos – “A apresentação de qualquer referência em simultâneo com qualquer relação tende a evocar imediatamente o conhecimento da referência correlativa”.

Wechsler (1958)
“O agregado ou capacidade global do indivíduo para agir com um objectivo, para pensar racionalmente e para lidar de modo eficiente com o seu meio”.

Gardner (1983)
“... uma competência intelectual humana tem que envolver um conjunto de aptidões de resolução de problemas – capacitando o indivíduo para resolver problemas ou dificuldades genuínos com os quais se depara e, quando apropriado, para criar um produto efectivo – e deve também envolver a possibilidade de encontrar ou criar problemas – estabelecendo, assim, as bases para a aquisição de novo conhecimento”.


Sternberg (1986)
“... actividade mental envolvida na adaptação intencional a, modelamento de e selecção de meios do mundo real, relevantes para a vida do indivíduo”.

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sábado, 13 de outubro de 2007

MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS, MÚLTIPLOS TALENTOS

A partir das pesquisas do neuropsicólogo americano Howard Gardner, sabe-se que a inteligência representa a capacidade do humano de criar a partir do que aprendeu culturalmente e do que desenvolveu no seu cérebro. Então, o que significa o potencial múltiplo da inteligência humana?

Essa capacidade de criar é múltipla porque pode revelar diferentes habilidades intelectuais ou competências cognitivas. A inteligência é um potencial múltiplo porque representa a potência biológica e cultural que se pode multiplicar, dando vez ao surgimento de outras habilidades e competências. Isso é comum a qualquer indivíduo. Como esse potencial pode desenvolver diferentes inteligências?
O segredo está nos processos educativos que os seres humanos vivenciam, na formação moral e na orientação para a vida. Então, a inteligência é um potencial múltiplo porque se pode fazer e refazer culturalmente, e revelar-se de formas múltiplas. Vejamos:

A inteligência linguística É um potencial que revela a capacidade do indivíduo de aprender noções dos códigos linguísticos, guardá-los na memória e aplicá-los criativamente. Traduz o valor da competência de escrever, interpretar e aplicar palavras e frases em situações de comunicação. Esta inteligência está relacionada com as oportunidades que o indivíduo tem de vivenciar aprendizagens sobre a linguagem. A inteligência linguística revela-se no domínio da palavra, tanto representada por códigos escritos marcados em papéis e pedras, quanto na expressão oral da fala. É um tipo de inteligência que se desenvolve nas interacções iniciais da vida do indivíduo, com a aprendizagem da linguagem.

A inteligência matemática É um tipo de inteligência que se revela na capacidade mental do humano de guardar, na sua memória, informações de representações de quantidade e de aplicar essas informações no quotidiano, resolvendo problemas. A inteligência matemática é um potencial que revela a capacidade do indivíduo de criar soluções factíveis, com base em representações numéricas. Essas soluções são rapidamente formuladas pela mente e apresentam coerência antes mesmo de serem representadas materialmente.

A inteligência musical Trata-se de um potencial que revela a capacidade do indivíduo de aprender sons e ritmos e de interpretá-los, concebendo novos contornos melódicos com arranjos musicais. Há evidências de que “certas áreas do hemisfério direito do cérebro são activadas no desempenho da percepção e da produção de músicas”. A inteligência musical revela-se como o potencial do indivíduo para atribuir significados a sons, representá-los e elaborar conhecimentos a partir deles. A criação da música mostra-se como uma actividade cultural denominada de composição.

A inteligência espacial É uma inteligência que se traduz na percepção dos espaços. O indivíduo é capaz de executar modificações sobre percepções iniciais de espaço, recriando aspectos, mesmo na ausência do contacto material. Essa inteligência permite que indivíduos desenhem, organizem e visualizem objectos em várias dimensões e representem imagens internas.
A inteligência corporal- cinestésica Esta inteligência, que se revela na capacidade do indivíduo de usar o próprio corpo com habilidades que se expressam nos movimentos. Trata-se de uma competência responsável pelo controlo dos movimentos corporais, criando representações possíveis de serem executadas pelo corpo, em espaços e situações diversas (dança, desporto, teatro, etc.).

A inteligência intrapessoal É uma inteligência que revela aspectos introspectivos de reflexão e auto-compreensão, manifestados na interpretação de sentimentos e emoções, relacionando-se a linguagens que servem de base para entender e executar comportamentos. Um indivíduo que desenvolveu essa inteligência revela, nos seus comportamentos, o interesse de se conhecer a si mesmo e de aprender com os seus erros a elaborar novos comportamentos úteis ao grupo social com o qual se relaciona. O autismo e a esquizofrenia exemplificam casos de indivíduos com a inteligência intrapessoal prejudicada.

A inteligência interpessoal É um potencial que revela a capacidade humana de comunicar, de observar e fazer distinções entre indivíduos quanto às necessidades, desejos e escolhas. Esta é uma inteligência que se manifesta com aprendizagens que envolvem sentimentos de colaboração e interacção. Um problema nesta área pode provocar mudanças na personalidade, como por exemplo, a doença de Pick, uma demência pré-senil, que tem como consequência, entre outras, uma rápida perda das boas-maneiras sociais.

A inteligência naturalista Trata-se de um potencial da inteligência que é demonstrado em comportamentos criativos, que associam saberes adquiridos no quotidiano do senso comum a conhecimentos adquiridos com métodos científicos que sejam relacionados, não só à vida social, mas também, ao ambiente natural. A inteligência naturalista aplica informações sobre as condições biológicas da natureza na compreensão da vida no mundo amplo. O potencial naturalista é valorizado culturalmente, tanto no senso comum, quanto na esfera da ciência.

A inteligência existencial Esta inteligência surge da capacidade humana de “se situar em relação aos limites extremos do mundo como o infinito e o infinitesimal”. Este “situar” ocorre em relação à condição humana de existir e representar o mundo com significados sobre a vida, a morte, o destino do mundo, o porquê do amor e o significado da felicidade. É um tipo de inteligência que lida com informações sobre a condição humana, criando conhecimentos que têm implicações na orientação da vida social. Indivíduos que desenvolvem este tipo de inteligência são actuantes em sistemas filosóficos, científicos e religiosos; lidam com a elaboração de princípios que orientam sociedades; procuram desconstruir paradigmas com a elaboração de novas noções que validem os acontecimentos sociais, como por exemplo, a instituição de direitos.


Muitas crianças revelam elevadas capacidades num ou mais domínios destas inteligências. No entanto, nem todas têm espaço de expressão e desenvolvimento na escola, pelo que muitos alunos sobredotados não encontram aí lugar para tirarem partido do seu potencial. E isso pode trazer sérios prejuízos para a sua plena realização.



Precocidade e talento

É muito comum assistirmos a crianças que memorizaram as bandeiras dos países, ou as capitais, ou qualquer outra informação, e essas crianças serem consideradas “génios”. Mas todos os psicólogos sabem que a genialidade não pode ser determinada com base apenas na memória, por isso nenhum profissional de Psicologia cometeria o erro de classificar uma criança como génio apenas por ela apresentar uma boa memória, e menos ainda por apresentar uma memória normal bem treinada. No entanto, há um erro sistemático que é cometido quando se considera que uma criança precoce será um adulto genial, e outro erro sistemático é cometido quando, ao constatar
que crianças de QI altíssimo não se tornam adultos geniais, presumir que nenhum teste poderia predizer a genialidade e que a limitação está no teste. O facto é que os testes tradicionais realmente não servem para predizer a genialidade e só acertam muito raramente no diagnóstico. Isso não significa que se fossem usados testes melhores, o problema continuaria insolúvel. O que os factos nos revelam é que os génios como DaVinci, Pascal, Newton, Galileu, Einstein e outros, demonstravam a sua genialidade desde a infância, mas não pela resolução veloz de questões primárias de aritmética ou séries de figuras. Eles demonstravam a sua genialidade resolvendo problemas complexos de Lógica e Física, inventando instrumentos, desenvolvendo métodos matemáticos, concebendo teorias bem articuladas e formulando experiências para testar a validade dessas teorias. Esses traços cognitivos eram apresentados desde os primeiros anos de vida, mas os testes tradicionais não medem isso, portanto é natural que esses testes sejam incapazes de fazer classificações correctas sobre genialidade. Conforme já vimos, os testes de QI foram criados para predizer deficiências, e cumprem bem essa função. Usar os mesmos testes, sem as devidas alterações, com o propósito de identificar e medir talentos, é um erro grave e de sérias consequências.
O Sigma Test é totalmente diferente e tem conteúdos que englobam desde questões básicas de pensamentos primitivos até questões complexas que exigem pensamentos requintados. Isso torna-o muito apropriado para diagnosticar talentos.
Algumas definições que continuam vigentes até hoje usam o termo “génio” em contextos inadequados. As nomenclaturas propostas por Terman e Wechsler, por exemplo, continuam a servir como referência.